sexta-feira, 30 de março de 2012
Apagão!
quinta-feira, 29 de março de 2012
Um brinde à amizade!
Disse que faria
Uma bela poesia
Para aquele moço
Que me trouxe muita alegria.
Disse que escreveria
Palavras coloridas
Palavras bonitas
E bem sabidas,
Sobre aquele que ajuda a curar
As minhas feridas.
Disse que declararia
A minha gratidão por ele
E o meu amor também
E ao meu coração convém
Levar a sua amizade muito além.
Disse que o seu jeito
Me deixou sem jeito,
E que as suas flores
Coloriram o meu jardim
E que, assim,
Desejo-lhe sempre o melhor de mim.
E o melhor, certamente,
Dos mais lindos Serafins.
domingo, 25 de março de 2012
Entardecendo, enlouquecendo.
sexta-feira, 23 de março de 2012
A chegada do Outono.
quinta-feira, 22 de março de 2012
Agonia.
segunda-feira, 19 de março de 2012
Pela manhã.
domingo, 18 de março de 2012
Prólogo de aula
quarta-feira, 14 de março de 2012
Observar.
Não me viro de costas.
Me viro de frente agora!
Me viro para ver os rostos...
Os gostos das pessoas.
Não sei por que passei tanto tempo me virando...
Me revirando para não ver essas belas faces.
Confesso que muitas vezes vejo essas caras vazias...
Essas facas frias.
Esses rostos sem nenhuma magia!
Mas creio agora que a maior magia é a do próprio mágico.
É a do palhaço que faz toda platéia sorrir.
A maior magia está em quem observa...
Em quem interpreta e acredita em todos esses rostos...
Em todos esses gostos.
Todos os encostos são afastados através do olhar, através do amar.
Através do mar que eu vejo passar.
O mar passa e as conversas paralelas murmuram em meus ouvidos.
E, de repente, escuto um grito estridente...
Que susto, irmão! Não era um grito em vão.
Era um barulho sabido, mas não era um apito.
Era um flash no céu. Era uma marca de pincel.
Era um sorriso branco latente...
Era apenas uma linda e suave estrela cadente.
sábado, 10 de março de 2012
Roendo o momento.
sexta-feira, 9 de março de 2012
Abstinência de Existência
O menino agonizava. Agonizava de dor no chão.
No chão estirado, estilhaçado e aos pedaços ele estava; ele se encontrava.
Ele precisava usar “só mais uma vez”– ele dizia, mas mesmo assim ninguém podia dar para ele; pois todos sabiam que se ele usasse mais uma vez seria o seu fim. Ou melhor, seria o seu início de novo. E ele voltaria a usar tudo de novo. Usaria de novo todo o emboloro de sua vida. Sua vida estragada, arruinada estava. Estava infestada de ratos. Os ratos pulavam sobre ele e corroíam suas vestes. As vestes, aos farrapos, estavam sujas, imundas de tanta rua, de tanta penúria escura. A escuridão dominava sua mente, sua mente que estava sedente por uma picada, por uma injetada, formalmente falando. Falar?! Ele já não conseguia mais. Ele só conseguia gritar!
Só conseguia espumar de dor, de rancor por si mesmo.
O rancor era tão amargo que contaminava todo o seu ser. O seu ser já não era mais nada. E ser nada, não é ser “ser”. O ser dele pedia a morte, pedia um gole de qualquer coisa que fizesse parar a dor. A dor insuportável que ele sentia, que ele sofria. Ele sofria também com o pulo dos ratos. Queria matar um por um daqueles animais fétidos. Queria se despir, fluir e sumir. Juntando, assim, as últimas forças que tinha, o menino foi levantando e foi tirando os seus trapos. Enquanto isso, os ratos corriam assustados, apavorados com aquele horror, com aquele terror. Ou seja, nem os animais mais desprezados o queriam. Queriam dormir sobre ele, pois ele não dormia; ou se dormia, dormia como peixe, com os olhos abertos. Com os olhos incertos, dispersos. Com os olhos corroídos pelo tempo. Pelo tempo mal aproveitado que vivera até hoje. Pelo tempo que ele quis perder, que ele não quis mais ver.
Então, em um súbito ele cai e começa a ter uma convulsão. Seus olhos saltam pelo ar, e o cheiro de baratas se faz mais presente. Assim ele começa a espumar; a babar e a tremer por inteiro. Começa a enfrentar o processo de morte que talvez fosse a própria sorte que ele tanto desejou. Mas agora ele não sabia mais se queria isso. Enquanto isso, apenas um só lado seu tremia, convulsionava. O outro lado de seu corpo estava consciente e cientemente observava toda aquela cena horrorosa com grande pavor. Com grande temor pela morte. Naquele instante ele se arrependeu de ter desejado tanto ir para o limbo do esquecimento. Se arrependeu de ter desejado o inferno, certo.
O menino diante de tamanho conflito só conseguia chorar, gritar e se contorcer por inteiro de dor. E quando ele já perto estava de ter um colapso; de ter um relapso de memória e não se lembrar de mais nada... A porta começa a estremecer, assim como ele.
Então ele desesperado, gelado, chora alto e grita por socorro! E feito um sopro... A porta se abre!
quinta-feira, 8 de março de 2012
Turbulências num dia de resistência feminina!
Como já é de costume, as palavras saltam sobre mim; ou melhor, as palavras saltam de mim.
As palavras fluem como um rio de lágrimas; ou melhor, as palavras são o próprio rio de lágrimas que correm sobre o meu rosto.
O meu rosto vai perdendo o gosto. Vai perdendo o sabor das coisas; da poesia; da alegria de estar apenas debaixo de um pomar.
O pomar estava me oferecendo a sua maravilhosa sombra, a sua maravilhosa sonda. Contudo, eu não conseguia sorrir, eu não conseguia dormir.
Eu só conseguia chorar, angustiar, incomodar. Ou melhor, só conseguia me sentir profundamente, diariamente incomodada.
Enfim, a danada da tristeza me pegou de jeito hoje! Me pegou de rateio, e eu não vi por onde conseguir escapar.
Então, decido não escapar! Decido apenas chorar e encontrar o calor das palavras. O conforto da minha lapiseira azul e a cadeira de madeira a segurar o meu bumbum.
Mas para não ser tão chata, vou pelo menos descrever o belo anoitecer.
O belo anoitecer devagarinho chega, e vai acalmando e aliviando o calor dos que estão aqui. Aliviando o calor e o cansaço daqueles que chegam exaustos do trabalho. Daqueles que suam feito porco, e ficam com muito desgosto de não poderem, simplesmente, irem para as suas casas após um dia de longa jornada. Um dia eloqüente de trabalho; de mormaço; de tristeza guardada; de tristeza embolorada.
De tristeza por não receber os parabéns, por ser mulher talvez.
Por ter sido mulher daquele esquisito cortês.
Tristeza por sempre olhar para aquelas cadeiras vazias da sala de estar.
Olhar para as cadeiras vazias de estação de trem, de metrô ou de qualquer outro lugar em que o seu calor me alcançou. Que o seu beijo me enlaçou. E que agora, sem demora, eu apenas vejo o metrô indo embora, e a saudade aqui no peito ainda mora, ainda chora.