sexta-feira, 27 de abril de 2012

A valsa.

O sono me bate nesta tarde.
O batimento do meu coração desacelera
Pré anunciando o meu sono.
O sono vem de longe, vem distante;
Vem dançante e com uma enorme vontade de dançar sobre os meus olhos.
Os meus olhos lutam pra não cederem aos encantos dessa dança, dessa valsa.
A valsa de hoje foi elegante, foi empolgante.
A valsa de hoje me deixou com a eterna vontade de dançar, de me deleitar nos braços daquele dançarino.
O dançarino dança e me rodopia no ar,
E num intenso frenesi
Eu vôo.
Eu corro até saltar.
Eu salto, eu valso e eu giro no ar.
O ar rarefeito, causa um enorme efeito em meu pulmão.
O meu pulmão dilata.
O meu pulmão retrata os meus profundos suspiros.
Os meus suspiros retratam a razão de tanta emoção.
Os meus suspiros retratam o amor, que há em meu coração.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O moço de preto.

Aquele moço me fez sorrir.
Aquele moço me fez rir das minhas próprias dores,
Pois ele me contou sobre muitos amores.
Me contou e me mostrou as muitas cores de Deus.
E a minha face se alegrou com as boas-novas.
Se alegrou com a verdadeira e bela história que eu passara a viver.

Foi tremendo!
Sim, eu bem me lembro.
Me lembro o quão agradáveis soaram as suas palavras escritas e faladas.
Me lembro também do seu sorriso profundo,
Que dentro de si continha toda a beleza do mundo.

Aquele moço de preto
Coloriu a minha noite fria
Pois Deus usou a sua voz macia
Pra falar no mais íntimo do meu ser.
E assim, sem saber
Eu queria agora apenas o conhecer.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Thais.

Thais que me faz feliz
Thais que tem um belo nariz
Thais que tem um chafariz,
Em algum de seus jardins,
Cante uma canção para mim.
Canção que seja polida como marfim
E que seja singela como brim.

Thais que me faz feliz
Obrigada por ser assim
Tão doce como um querubim
E tão linda como jasmim.


sábado, 14 de abril de 2012

O velho.

Havia um velho. Havia um velho sem teto embaixo do teto daquela casa abandonada.
O velho disperso, o velho inquieto, olha para mim como se procurasse alguma coisa.
Como se em mim houvesse um tesouro escondido. Um tesouro que só quem estivesse bem pertinho poderia tocar, poderia sentir.
Atordoada, me aproximei daquele senhor estranho. Daquele senhor que carregava em suas costas um enorme saco preto cheio de bugigangas lá dentro.
O velho, ora sim ora não, dava enormes sorrisos infantis. Sorria com a leveza de uma criança cheia de esperança. Sorria como se tivesse uma gigantesca herança em seu enorme saco preto.
Caminhando devagar, o velho seguia em frente, e em frente ao sol poente ele senta e abre o seu saco preto. E com todo cuidado, ele desenrola todos os objetos que lá estavam enrolados, e estende-os sobre o saco a fim de expor os seus sujos retalhos.
Os retalhos eram de linha, e pareciam cadarços... Juro que me esforcei ao máximo para compreender o que era aquilo, mas não consegui decifrar. Não consegui compreender a loucura e a simplicidade daquele homem, e acho que aí é que consiste toda a graça da situação, pois loucura alguma é compreensível, afinal, a loucura é louca. O máximo que conseguimos fazer é justificar uma coisinha ou outra, mas ainda sim, a loucura é louca.
E aquele velhinho fofo, certamente, é louco. E são os loucos que me atraem. São os loucos que possuem a graça de se admirar com o interior, com o esplendor das coisas.
Enfim, depois da minha breve divagação sobre a loucura, retorno para o rosto daquele senhor, que após ele expor os seus “produtos” ou “objetos”, como preferirem, o senhor sentou-se com um enorme ar de satisfação. O senhor estava muito contente com tudo que expusera, com tudo que tinha a oferecer para os caminhantes. Estava contente com os seus objetos desconexos e também estava contente com o seu nobre sorriso singelo.
E com todo o ar de satisfação, ele apertou a minha mão e disse:
- Quer levar alguma coisa?
E eu respondi:
- Ah, eu adoraria, porém, eu não sei o que são as suas coisas.
E ele, com uma expressão muito reflexiva me disse:
- Não se preocupe, jovem. Um dia você saberá e verás além da matéria. E quando esse dia chegar, não necessariamente você precisará saber o que é para poder compreender, não necessariamente você precisará compreender para que você possa sentir e fluir.
Fiquei atônita com a colocação do sujeito, não esperava jamais alguma resposta que me fizesse perder o chão daquela maneira, mas ainda sim, eu sorri e disse:
- Pode deixar, caro senhor. Eu não me preocupo. Eu vôo para conseguir enxergar além. Eu vôo para ser além, e por certo, que eu já enxerguei em você, um enorme sorriso de quem carrega consigo um fardo leve e um julgo suave, e com toda verdade te digo, Deus te abençoe, senhor! E muito obrigada pela sua lição de amor e humildade.
E o velho, sem o menor disfarce, sorriu e dormiu ali com toda a sua sinceridade.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Cantarei.

Não olho mais para baixo, porque já cai muito por não prestar atenção ao que estava a minha frente.
Não olho mais para os lados, porque os que estão ao meu lado, nem sempre enxergam o meu interior.
Não olho mais para frente, porque o que vem pela frente é mesmice metamórfica, muda, mas sempre volta para o mesmo lugar. E sempre a tristeza vem carregando no seu sujo colo uma porção cheia de ilusão, e de emoção também; sim, é verdade, porém a emoção acaba e depois só resta a desgraça, só resta a carcaça de carregar uma vida fadada, uma vida pesada; mas eu não quero mais olhar para baixo, nem para os lados e nem para a frente.
Quero olhar agora para o alto! Quero olhar para o céu azul claro e azul escuro estrelado. Quero olhar para as nuvens e sobrevoar por elas. Quero sair dessa enorme jaula arredondada. Quero voar! Quero voar para os braços castos do meu Pai. Do meu noivo. Do meu Senhor. Da minha luz e redentor. E eu vou voar... Até desaparecer entre as nuvens com Ele... Até o seu amor me inundar. Até as suas cores coloridas colorirem o meu jardim... Até eu cantar com os mais lindos Serafins... Até eu comer os mais deliciosos frutos, e com todo o desfruto, desfrutar de tudo que ele me fez alcançar.