segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O corpo

O corpo quente,
Sente.
O corpo mente, consciente;
E se rende a verdade do inconsciente.
O corpo de frente,
Segue em frente na vida corrente.
O corpo sente,
Efervesce e adoece.
O corpo lente,
Lê o mundo com a mente,
com o tato, audição, paladar, olfato;
Lê com o tempo e o espaço.
O corpo presente,
Apresenta quem eu sou.
Meus símbolos, meus afetos,
meu cansaço.
O corpo ciente,
Carrega a ciência, a experiência.
O corpo subconsciente,
Displicente,
Se esconde na fonte,
na origem da fome.
O corpo consciente,
Pensa, reflete.
Reflete quem eu quero ser.
O corpo corrente,
Corre pelo mundo,
Se joga no absurdo.
O corpo mexe,
Mexe comigo,
Mexe com meu amigo,
Mexe no chão que eu piso,
Mexe com a Terra, que é abrigo.
O corpo diferente,
Mas que é igual.
Carrega em si a vida, o rito e o ideal.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Folhas

Eu vi um coração e fiquei sem ação.
Emudeci e até sorri,
como há tempos não sorria, sentia.
Sorriso frouxo, sem jeito...
Sorriso que tem vida própria
e que guarda em si toda vã memória.

As folhas balançam, caem.. se esvaem.
A Natureza dança e eu me perco nessa trança.
Nesse cabelo bonito. Cacheado, bagunçado.

A Natureza balança. Balança tudo. Balança o mundo.

Me balança. Me lança, me alcança e não desiste
de me mostrar quanta beleza ainda há.
Quanta vida pode haver, mesmo com choro,
mesmo com apavoro...

A Esperança é verde e verdeja nas florestas.
Nas frestas, nas ruas.. escuras.
A Esperança habita meu coração e me mostra essas folhas..
Verdes, vermelhas e que balançam...
E que caem..

E tudo se move..
Tudo me envolve.
Tudo é balanço, é encanto.
É coração na folha, é coração no chão.
É a emoção percorrendo todos os cantos,
dando sentido, poesia e razão.