domingo, 22 de dezembro de 2013

O querer contido

Mãe, queria lhe dedicar inúmeras palavras,
Mas eu sei que pra você “palavras”, são apenas palavras.

Mãe, queria voltar para o seu ventre
E respirar o seu sangue quente
Que levava até mim, todos os seus nutrientes.

Mãe, queria poder nascer de novo
Apenas para ter o simples gozo
De poder aceitar os seus seios como algo novo.

Mãe, queria poder deitar em seu colo.
Queria enxugar o seu choro
E com um simples consolo
Lhe aliviar de todos os seus transtornos.

Mãe, queria poder ser uma filha que te orgulhasse
Que te levasse a milhares de lugares
Só para ver a sua alma sorrir à vontade.

Mãe, queria poder ouvir seu coração
E tocá-lo com minhas mãos
E com grande emoção
Lhe mostrar a minha gratidão.

Mãe, queria poder te dizer
O quanto eu amo você,
Mas você não ia querer ouvir as minhas lamúrias de ser.

Mãe, queria poder suportar
As mordidas que você quer me dar
Mas, no entanto, só consigo pensar
Em poder te abraçar.

Mãe, queria poder lhe oferecer rimas perfeitas.
Sem verbos e sem desfeitas
E sem a suspeita
De você detestar as minhas bobeiras.

Mãe, queria poder te abraçar
Todo dia sem hesitar
Mas eu, com meu triste penar,
Só posso chorar, por tudo que eu te fiz passar.

Mãe, eu quero não poder ficar longe de ti
E não ter que fingir
Que eu não ligo pra ti.

Mãe, eu quero poder estar
Como uma filha em seu lugar
Te amando e te respeitando
Até o fim chegar.