sábado, 27 de setembro de 2014

Escravidão, perdão.

As senzalas
As chibatas
As bofetadas.
A palavra gritava,
mas não era escutada.
Eles sofreram, eles moeram.
Moeram café e ainda assim não perderam a fé.
Nos troncos pediam misericórdia
Mas sem conversa o carrasco não ouvia o clamor, da dor.
Muitas lágrimas rolaram, muitas vidas sangraram..
Os versos mal conseguem expressar tamanho sofrimento
Vindo do engenho.
O coração palpita forte, imaginando a vida sofrida daquela
gente bonita.
Tantas famílias separadas, tantas negras abusadas..
Tantos homens maltratados, tantas vidas aos farrapos.
Ah, povo negro, eu uno meu coração e a minha dor agora..
ao seu labor e dura história.
Peço perdão por minha cor ter causado tanta discórdia.
Perdão pelo ódio e exploração que estão marcados em sua memória.
Essa noite eu ofereço meus versos, lágrimas e orações fervorosas a vocês.
Como Castro e Machado, espero também deixar meu simples, mas sincero legado
de luta através da arte da poesia. E nessa noite quente, porém fria eu me despeço.
Abraços sinceros e apertados.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Cidade cinza

A cidade é suja
É cinza, é caótica e cheia de labuta.
As ruas escorrem sangue inocente.
De gente, como a gente.
Um grito de socorro é pedido,
Mas sem resposta fica.
Grita de novo e recorre a birita.
Birita passa. A dor continua.
Os carros vão e vem. E o trem também.
A semana tá difícil, a segunda foi o indício.
Mas a esperança não se cansa de cantar em meu peito
E isso me traz o sossego pra quando me deito.
Quando posso afogar a cabeça no travesseiro.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Pontilhismo aliviado

Céu pontilhado
Sol de lado
As canções mudaram
Deus me abraçou
E aliviou o peito apertado.
Sorrimos juntos
Comemos umas batatas
E Ele me contou que eu tiro dEle muitas risadas.
Também me fez voar como águia
Colocou uma nova dança nos meus pés
E uma alegria transbordante
Pra eu cantar e dançar até!
Ele é bom!
Ou melhor, Ele é bonzinho.
Pois seus cuidados vão além das necessidades fisiológicas e materiais
Ele cuida do coração, da emoção, da estrada e também das piadas que eu preciso ouvir.
Dá o carinho pra alma cansada e abatida
Que sai todo dia às 6h da matina.
Dá aquele conselho bom, que tira toda angústia e dor.
Dá o amor que preenche todos os vazios
E coloca um brilho ofuscante nos sorrisos.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Denúncia artística

Coração do brasileiro
Do padeiro
Do açougueiro,
Daquele que trabalha o dia inteiro;
Clama por vezes a esperança
De ver suas crianças agora com leite.
O leite escorre da mesa do rico,
Mas não chega na mesa do pobre, que sofre.
A arte denuncia as mazelas, as vielas.
Denuncia em seus muros a injustiça.
Denuncia nas palavras a cobiça.
Denuncia na cor a falta de amor.
Denuncia a dor de quem vive sem o devido valor.